Fazer diferente

Ajudar, desenvolver ações de apoio, de mudança social, cultural e de consciencialização não é uma tarefa fácil de levar nos dias de hoje. É notória a distância que vai desde a verbalização das ações de solidariedade à concretização dessas mesmas ações. Isto acaba por ser causado por uma série de fatores que foram surgindo nos últimos anos (e que infelizmente ainda persistem), que formaram uma bola de neve de tal forma grande, que criou um bloqueio gigante entre quem efetivamente quer ajudar e as ações que de facto precisam de apoio, de atenção. 

Porque acreditem, há efetivamente e tenho testemunhado isso, muitas realidades que são completamente deixadas ao abandono e há muitas pessoas que querem fazer algo mas não conseguem por culpa de um sistema onde o único interesse que existe é o benefício financeiro e a vantagem material que se pode tirar ou não em participar em determinada iniciativa. 

Este sistema que se formou, deturpa qualquer tentativa de pessoas que tenho vindo a conhecer, de conseguirem fazer o que quer que seja, ou mesmo de pessoas que tentam ajudar mas depois temem pela falta de credibilidade que este sistema que se formou trouxe. Aqui falo inclusive de organizações não governamentais onde o esquema do negócio é mais forte do que a solidariedade, que muito sinceramente deve ocupar uma reduzida percentagem daquilo que devia de ser o propósito dessas organizações.

Estas situações devem ser faladas sem receio, sabemos que é o sistema,  capitalismo, os interesses dos governos, mas estamos a falar de vidas humanas, de futuros brilhantes que se podem construir, de crianças e jovens que podem vir mais tarde a mudar este cenário, porque ele não pode existir para sempre, pode persistir, mas ao ser gerada a mudança tendencialmente, mesmo que demore muitos anos as coisas vão mudando aos poucos.

Até lá, vamos fazendo a nossa parte e ajudando quem efetivamente precisa de coração aberto, que é o que estamos a fazer.

Grata a todos os que conheci em Angola, nomeadamente ao Celso Salles, escritor, investigador, incentivador cultural e intercâmbio de países africanos com o mundo Povos Africanos,  pelo caráter filantropo e pelas ações fantásticas que têm vindo a desenvolver e que não têm preço.

Ana e África 💙