Não há uma resposta possível

Eu costumo dizer e muitas vezes a dar por mim a pensar que África não se entende, sente-se é tão simples quanto isto. Como acredito que acaba por ser assim com tudo na vida, a procura por uma razão lógica faz-nos perder a essência do melhor que podemos absorver de cada lugar, de cada situação e de ver as coisas não efetivamente como elas são, mas para além daquilo que elas são.

Acredito e tem sido assim ao longo destes anos, que tudo tem mais para nos dar e oferecer para além daquilo que vemos e além de qualquer ideia pré-concebida que possa ter sido criada ou passada. Tudo isto acaba por, em grande parte das situações, não nos deixar vivenciar as coisas maravilhosas que temos diante de nós e de alguma forma mudarmos e abrirmos caminho para outras tantas coisas.

Antes de viajar para África, nas primeiras viagens, levava comigo essas ideias pré-concebidas que se comportavam como terríveis bloqueadores para o que quer que fosse. Até ter começado a perceber o efeito que lá estar fazia em mim, um sentimento de leveza, de simplicidade nos gestos, nas ações, a existência de valores, muitos deles deixados para trás nos designados países industrializados deste primeiro mundo. A visão de que apesar das situações diárias e das dificuldades que existem, há um povo que emana uma energia incrível, e que é efetivamente feliz com o pouco que possa ter, a crença de que o pouco já é muito e que com o pouco muito se faz. Portanto, quando me perguntam o porquê de África, não há uma resposta possível, é preciso senti-la.

África tem um efeito transformador naqueles que se permitam vive-la, tudo tem e tudo oferece. É importante esta visão para quem vai e para quem lá está, porque muitas vezes a busca incessante por algo mais, a criação de padrões de pensamentos e a comparação, faz com que não se olhe para as potencialidades e para a beleza pura do que se tem à frente.

É certo que, apesar de tudo isso há um trabalho estrutural a ser feito, no entanto, este trabalho começa também a partir de cada um.